terça-feira, 21 de junho de 2011

Quem sabe


O tempo está passando. E eu ouço apenas o "tic-tac" do relógio da minha sala de estar. Lá fora está um lindo dia, mas nada que me faça levantar dessa cama para ver se fico melhor. Acho que já roí todas as minhas unhas. Não fiz nem ao menos meu cabelo. Para falar a verdade, não coloquei o pé na rua. Cheguei apenas na janela. E vi um pássaro sob os fios em frente a minha casa. Fiquei olhando fixamente para ele, e ele não se movia. Me parecia tão triste, assim como eu. Fiquei alguns  segundos, ou minutos -perdi completamente a noção do tempo- olhando o pássaro. E fechei a janela. Voltei para a minha cama. E fiquei pensando na vida. Ah, doce vida... Quero dizer, amarga vida. Tu já foi tão bela, tão alegre. E agora sisma de fazer essa nostalgia me seguir. É sem motivos -ou talvez tenha alguns, que eu prefira guardar- que essa tola da infelicidade vem me atormentar. Toma conta da minha noite, toma conta da minha tarde. Não tenho mais vontade de fazer nada. Apenas de deitar-me e apenas respirar, nada além disso. Pois o resto é sacrifício  demais. Talvez até respirar esteja me cansando. Ou será que estou sem vontade alguma de ficar aqui nesse mundo tão obscuro?  E quem sabe chorar um pouco,  pra colocar tudo isso pra fora. E então você se pergunta: Colocar o que pra fora? E eu o respondo: "Colocar tudo o que há de ruim dentro  de mim, para fora. De uma forma que não volte mais. Colocar tudo o que restou do passado, para fora, em um piscar  de olhos. Colocar todo o resto  de amor que me faz mal até hoje, para fora. Resumindo, pôr tudo o que me  faz mal, para fora." Mas não é tão simples assim, certo? Não é tão fácil assim. Eu tento, mas não consigo. Parece ser bem mais forte do que eu. São lembranças que eu prometi não esquecer, são promessas que eu disse que iria cumprir, são amores que eu prometi nunca deixar morrer. E isso agora anda me tomando demais. Sei lá, parece que tudo está contra mim. Tudo resolveu renascer, assim, de uma hora pra outra. Sem avisar, nem nada! E eu tenho que suportar, não é? Então... Eu vou suportar, me trancando do mundo, fugindo de tudo. Quem sabe um dia eu volte, talvez renovada. Talvez tentando reconstruir coisas do passado, talvez tentando cumprir minhas promessas, e amando meus antigos amores. E aí? Quem sabe... (Larissa Mendes.)

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